terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
Trilha Sonora...[Aqui]
Como todos os bons boêmios começo a acreditar na tese de que “No começo tudo é festa...”. Mas depois a história muda, ou melhor, o mundo dá voltas e acaba parando no mesmo lugar, só que dessa vez somos nós que enxergamos a vida de maneira diferente.
Era fácil notar a sintonia, seus olhos vinham de encontro aos meus; nossas peles tinham o mesmo arrepio incontrolável ao se esbarrarem; seu sorriso... Ah! Aquele sorriso... Parecia ser a única maneira de fazer com que o meu aparecesse de forma tão espontânea.
Suas palavras, atitudes, confissões eram inacreditáveis, chegue a acreditar que nunca iria haver alguém assim... tão parecido comigo e ao mesmo o tempo um ser tão único, muitas vezes comparáveis até com aqueles dos contos que lia na minha adolescência.
Aprender a ouvir música com você, eram um dos meus passatempos favoritos ao seu lado, sentada na sua cama enquanto você arrumava o armário, na medida que ia tirando os livros, CD’s, cadernos, fotos, roupas, ia contando histórias de cada qual, e eu?... Com os olhos brilhando só de ouvir aquelas histórias, em alguns momentos no auge da minha imaginação chegava sair de mim e entrar naquelas histórias, me sentia como uma personagem no mundo mágico e fantasioso que era sua narrativa.
Assim, minhas tardes eram sempre prazerosas ao seu lado.
Mas o tempo passou, mais precisamente 4 anos...E ai, aquela beleza que havia entre nós, aquela sintonia já não mais existia. Aquelas mesmas palavras, atitudes e confissões hoje percebo que só escondiam erros, sujeiras e trapalhadas.
Os Olhares que antes se buscavam em sinal de admiração, hoje demonstram decepção e procura do que um dia existiu nos nossos passados. Mas como enxergar aquela bela e inusitada pessoa do passado? Estava ali na minha frente, como sempre a encontrava... no mesmo lugar, com os mesmos amigos, fazendo as mesmas coisas... Mas não, não conseguia enxergar aquela que um dia encheu meus olhos de admiração, aquela que como feitiço manteve minha atenção presa desde a minha adolescência até o dia de ontem.
Ontem, passei a enxergar uma pessoa desagradável, uma pessoa que mesmo sendo nove anos mais velha do que eu, transparece como um ser imaturo.
Sentir olhares tortos foi uma sensação desagradável ainda mais sabendo que não havia feito nada de errado. Como podemos decepcionar uma pessoa a quem nem ao menos temos contato? Todo tempo que passei ao seu lado imaginei aprender muito, apenas com o seu exemplo, mas não, entendi que quem de fato ensinou alguém aqui fui eu. Ensinei a você e a mim como dizer não pra si mesmo as vezes é o mais correto a se fazer.
Hoje, só peço que o primeiro olhar volte, mas volte sozinho, sem o desejo que o segundo em diante trazia com ele.
